quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Correios: “Privatize já!”

Trabalho nos Correios e defendo sua privatização. Por conta disso, sou tachado por alguns estatólatras como lupemproletariado, ou seja, um “traidor”, um “trabalhador desprezível”. Mas, para o bem dos Correios e daqueles que dependem de seus serviços, reafirmo: privatize já!

Alguém nos Correios teve a ideia de dizer que a empresa completou 350 anos em 2013, no entanto, a estatal, como a conhecemos, data de 1969. Se a criação é recente, a administração é colonial. O Estado cada vez mais interfere na gestão e o partido que está no controle do Estado, se alimenta e alimenta os seus aliados com as divisas da empresa.

O aparelhamento é visível, a começar pelo mais alto cargo da empresa: o petista Wagner Pinheiro é o atual presidente dos Correios e a práxis de apadrinhados políticos se estendem pelo primeiro escalão chegando a atingir, até as áreas operacionais. A partilha de cargos aos aliados segue a política partidária, nesse caso, PT, PMDB, PCdoB e aliados dividem entre si, os “cargos de confiança”.



Assembleia dos funcionários dos correios dominada por militantes do PCdoB e da CTB.


A representação dos trabalhadores também foi aparelhada. No Estado de São Paulo (maior mercado para empresa), o principal sindicato dos trabalhadores dos correios, o Sintect–SP, é dirigido pelo PCdoB, aliado do Partido dos Trabalhadores no governo federal. Logo, além de aparelhar os principais cargos da estatal, controlam também a representação dos trabalhadores. Por meio dessas “boas relações”, integrantes do sindicato garantem cargos comissionados. Getúlio Vargas invejaria esse modus operandi.
Como resultado dessa ingerência do Estado e do partido nos Correios, temos o presente cenário: funcionários extremamente desmotivados e má prestação de serviços aos clientes. A falta de concorrência e uma excessiva estabilidade no emprego levam os colaboradores a não primarem pelo bom atendimento, por uma boa entrega. Meritocracia inexiste na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. O processo operacional beira o amadorismo. Faça um pequeno teste comparativo para ter uma pequena ideia das diferenças: poste uma correspondência numa agência dos Correios que seja operada diretamente pelos Correios e faça outra postagem numa agência franqueada. A diferença no atendimento é visível




Centro de distribuição domiciliar no Jardim Califórnia - São Paulo - SP

No último ano o lucro líquido da empresa caiu cerca de 71%, e a projeção para esse ano não são das melhores. Escândalos na última década são recorrentes. O estopim que desencadeou a ação penal 470 (Mensalão) ocorreu na estatal. Hoje, há indícios que o doleiro Alberto Youssef operou negócios com empresas de fachada que prestaram serviços aos Correios. Coincidência? Não, Tudo milimetricamente calculado e sem fugir aos “padrões coloniais” de administração e interferência do Estado na empresa. Outro escândalo que está sendo apurado é o rombo nas contas do Postalis (Fundo de Pensão dos funcionários dos Correios) que lamentavelmente, também está aparelhado.

É muita politicagem e pouco profissionalismo. Para evitar escândalos reitero minha humilde sugestão: PRIVATIZE JÁ!

Gil Diniz - Agente de Correios – Carteiro

Publicado também em:

Instituto Liberal: http://www.institutoliberal.org.br/blog/correios-privatize-ja/

Rodrigo Constantino: http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/privatizacao/correios-privatize-ja/














































sábado, 16 de agosto de 2014

Dia de quem cuida de quem?

No mês de maio, exatamente no dia oito, comecei a trilhar um caminho (sem volta) e vou tentar explicar a vocês os motivos para tamanha implicância com algumas atitudes que a direção das escolas que meus filhos estudam tomaram.

O primeiro conflito surgiu no dia oito de maio, quando minha esposa foi à reunião no Centro de Educação Infantil Monteiro Lobato. A coordenadora avisou aos pais e às mães presentes que neste ano não seriam comemorados o dia das mães e o dia dos pais, em seu lugar, celebrariam o “Dia de quem cuida de mim”. Segundo a coordenadora do CEI, os pais tinham que compreender que “A família tradicional acabou” e que atualmente temos novas configurações familiares.

Quando minha esposa relatou o ocorrido, não pensei duas vezes, iria no próximo dia questionar a coordenadora sobre o fim das duas celebrações, sobre a inovadora data e, claro, sobre sua frase infeliz. Todavia, no dia nove de maio, teria também reunião na escola do meu filho mais velho, a Escola Municipal de Ensino Infantil Cecília Meirelles. Dessa vez, a responsabilidade era minha de estar presente na reunião.

Questionei e a diretora alegou que na escola existem alguns alunos que moram em abrigo municipal e que, por não morarem com os pais ou familiares, essas crianças ficariam constrangidas. Não aceitei de forma alguma; vi que alguns pais concordaram comigo e saíram em minha defesa.

Sugeri que, ao invés de cancelar as duas datas tão tradicionais, se fizessem três datas. Ou seja, que acrescentassem o “Dia de quem cuida de mim”. Pois, seria mais uma oportunidade de me fazer presente na escola do meu filho, seria mais uma oportunidade de reafirmar nossos laços afetivos, justamente dentro da escola, seria uma experiência pedagógica única paras as crianças. Não fui atendido. A direção da EMEI disse que levaria a sugestão dada aos professores e que discutiriam o assunto.

Fui para o CEI Monteiro Lobato questionar o fim das duas datas tradicionais e ouvi da coordenadora as mesmas palavras ditas na reunião, que eu tinha que compreender que “A família tradicional não existe mais”. O detalhe que me chamou muito atenção é que, à época, essa mesma coordenadora estava grávida de oito meses e seu parto seria nos próximos dias.

Respondi, por educação: Há um equívoco nessa fala! A família tradicional existe sim! Minha é tradicional! Meus pais são tradicionais e conheço algumas centenas de famílias que são tradicionais também! Reiterei meu respeito à diversidade, às crianças que por ventura moram em abrigo e sugeri novamente que acrescentassem mais uma data e não apenas extinguissem as outras duas.

Foram em vão meus argumentos. Ouvi um NÃO. Ela disse: "Para esse ano já está tudo certo. Quem sabe para o próximo ano. Pois todo o planejamento foi feito no início do ano". Ora, não fui chamado para planejamento algum e desconheço algum pai que tenha participado dele. Não existe conselho de pais na escola, não existe APM, logo a decisão foi da direção e da coordenação pedagógica.

Como não houve flexibilidade e sobrou intransigência, disse à coordenadora que tudo que estivesse ao meu alcance para mudar o posicionamento da escola eu iria fazer. Entrei em contato com vários vereadores da cidade de São Paulo, muitos me ouviram por meio da assessoria. Um desses vereadores, inclusive, entrou em contato com a equipe do jornalista Reinaldo Azevedo, âncora do programa “Os pingos nos Is”[1] na rádio Jovem Pan e colunista do Blog da Veja.

Após confirmar as informações que tornei públicas, a Jovem Pan divulgou o relato no programa de Reinaldo e o mesmo publicou no seu Blog[2] a matéria sobre o fim do dia das mães e dos pais nessas duas escolas da rede pública municipal da cidade de São Paulo. Depois da reportagem, a notícia ganhou uma proporção que não imaginaria que tomasse. Os vereadores pediram explicações à Secretaria Municipal de educação, o vereador Pastor Edemilson Chaves[3] protocolou os Projetos de Lei N° 263/2014[4] e 264/2014[5] que instituem no calendário escolar municipal o dia das mães e o dia dos pais.

O Vereador entre outras justificas afirma: “O modelo familiar é o primeiro contato das crianças com padrões da cultura e é a partir deste modelo que a criança estabelece suas idéias e conceitos sobre o mundo.” Foi um avanço nessa batalha que não é apenas pedagógica, é política e ideológica também.

Mudança e Permanência

A escola Cecília Meirelles (após toda repercussão nas redes sociais, na Câmara dos vereadores da cidade de São Paulo, etc.) resolveu fazer uma consulta pública com os pais e responsáveis pelas crianças. A esmagadora maioria dos pais decidiu que SIM, gostariam de celebrar com seus filhos essa data no ambiente escolar. A festa seria no sábado, véspera do dia dos pais, no horário da manhã. Foram tantos pais que confirmaram presença, que a direção teve que fazer duas atividades, uma com as crianças da manhã e outra com as crianças da tarde.

Aviso do resultado da consulta pública e realização da celebração do dia dos pais



Foi fantástico ver aquela escola lotada numa manhã de sábado. Foi emocionante ver as famílias celebrando juntas um dia especial dedicado aos pais. Teve educadora contando histórias, atividades com música, danças, café da manhã, homenagens e claro: Lágrimas! A direção preparou uma atividade muito significativa para as famílias. Nem o mais otimista dos pais esperava tamanha participação e comprometimento das famílias e da escola. Mas houve!


Pátio da escola lotada por pais, mães, avós, famílias inteiras

Todavia, nem tudo são flores. A direção e coordenação do CEI Monteiro Lobato permaneceu irredutíveis, conseguiram transferir a festa junina para Agosto. Ora, na festa junina a escola estava lotada de famílias, não poderiam esperar e celebrar no final de semana seguinte o dia dos pais? A resposta é não! Não houve celebração na sexta-feira, antevéspera do dia dos pais, o que tinha na agenda do meu filho, era o aviso sobre o “Dia de quem cuida de mim”, que será realizado no próximo dia 20, às 15:00 horas.

Aviso que chegou na véspera do dia dos pais, falando da realização do "Dia de quem cuida de mim"

Creio que essa comemoração estará esvaziada, até mesmo por conta do dia e do horário que marcaram. De propósito! Como vou fazer para estar lá às 15 horas? Trabalho, minha esposa também, se era mesmo para todos participarem, por que não no final de semana? Houve algumas emendas de feriados que elas tem que repor, seria o ideal. Mas, não! O intuito desse novidade pedagógica não é aproximar a família da escola, é sim, cada vez mais afastá-los!

Continuo combatendo a extinção de datas tradicionais no calendário escolar, principalmente a extinção do dia das mães e dia dos pais. Convido cada um de você a juntarem forças nesse combate, que é político, e a se posicionarem contra esse tipo de manobra que estão fazendo em muitas escolas públicas e privadas. Primeiro, eles mudam os nomes. Depois, os significados! Logo não existirão mais essas celebrações tradicionais e apenas sentiremos saudades do que já não temos e que por covardia, perdemos para esse ou para aquele grupo ideológico.

Não podemos nos calar! É apenas o início da reação! Precisamos ser a resistência na periferia da cidade de São Paulo e em todo o Brasil, contra os desmandos desses que estão a nos governar. Esse relato se passou e se passa em escolas públicas da rede municipal da cidade de São Paulo, todavia, várias escolas privadas já estão adotando essa comemoração, quando não, mudam as datas para “Dia da família”. Não se enganem, reajam!












sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Reacionários da favela

Publicado em 10/04/2014por flavioquintela


O nome é Gil Diniz.

Ele foi ao primeiro lançamento do meu livro, evento que aconteceu em uma das áreas mais nobres de São Paulo, num shopping cujo nome dispensa explicação: Pátio Higienópolis. Qualquer morador da capital sabe que Higienópolis é bairro de elite, é lugar de endinheirados. Chegou na livraria trajando seu uniforme de trabalho: calça azul, sapatos, e camiseta amarela com o logotipo dos Correios. Sim, a estatal que um dia serviu de estopim para o maior escândalo da história da República, o Mensalão, abriga em seus quadros pessoas de grande caráter, como Gil.

Depois de ficar um bom tempo na fila, onde rapidamente fez amizade com outros ditos reacionários, chegou com o livro em mãos e me disse, com orgulho:


Flavio, fiz de tudo para chegar aqui em tempo de comprar o seu livro e pegar o seu autógrafo. Vim direto do trabalho, moro numa favela da Zona Leste, e sou reaça!

Na mesma hora pude ver, diante de mim, a pessoa que sozinha consegue desmantelar toda a teoria mentirosa que a esquerda usa para justificar a criminalidade. Estava ali, em pé, alguém que vive em seu cotidiano tudo o que a esquerda classifica como “motivos justos para a revolta social”:
Gil Diniz nasceu em Pernambuco, na cidade de Serra Talhada;
Gil Diniz migrou para São Paulo com os pais, em busca de uma vida melhor;
Gil Diniz sempre foi pobre;
Gil Diniz mora na favela;
Gil Diniz conhece o lado rico da cidade, inclusive o Shopping Pátio Higienópolis.

Qual é a explicação para que Gil Diniz não tenha se “corrompido pela sociedade”, tornando-se um bandido, um pária, em vez de um esforçado carteiro? Por que a esquerda gosta tanto de colocar em evidência uma minoria de pobres criminosos, quando a sua grande maioria trabalha para se sustentar e tem orgulho disso? Por que insistem em dizer que mais de 90% dos criminosos possuem origem pobre, mas se esquecem de dizer que mais de 90% dos pobres não se tornam criminosos?

A resposta é simples: para satisfazer sua necessidade de se sentir justo e menos miserável, o esquerdista, que nunca é pobre, nunca é oprimido, e geralmente desfruta dos confortos do capitalismo, precisa se culpar de alguma forma. Mas como é um covarde e não tem coragem de assumir nada sozinho, ele precisa de um grupo onde sua culpa seja compartilhada por outros que nem sequer conhece, mas que guardam com ele algum tipo de semelhança étnica e/ou social. É daí que vem essa mania de culpar a sociedade baseada no homem branco, heterossexual, cristão e de classe social média ou alta pela corrupção do caráter de todos os outros “tipos de homem”. Não houvesse tantos covardes cheios de culpa no mundo e a ideologia esquerdista jamais teria encontrado guarida.

Mas, como eu disse, basta olhar para um Gil Diniz, e tudo isso se revela como a mais cretina das mentiras. Mesmo tendo nascido no Nordeste jamais se vitimizou como um coitadinho; mesmo tendo migrado para São Paulo jamais se achou inferior aos que aqui estavam; mesmo morando na favela jamais teve vergonha de sua casa; mesmo sendo pobre jamais pensou em outra alternativa a não ser trabalhar; mesmo sendo o modelo quase perfeito para as explicações estereotipadas da esquerda jamais deixou que essa ideologia torpe o contaminasse; pelo contrário, assumiu-se um reacionário, um lutador da verdade, um homem de honra.

Mas para lutar ao lado da verdade é necessário instrução, estudo, esforço e coragem. E nada disso faltou ao nosso amigo, que além de trabalhar o dia todo como carteiro e cuidar de sua família – sim, ele é casado e tem dois filhos pequenos – ainda cursa História em uma faculdade particular, à noite, e arruma tempo para dar aulas como professor eventual. Seus esforços para cultivar a intelectualidade e se tornar elite num país de ignorantes são tão incompreensíveis a um esquerdista como o são os milenares kanji’s a um falante da língua portuguesa. É muito mais fácil que o esquerdista acredite em fantasmas e bichos-papões do que em um representante legítimo das “classes oprimidas” que escolhe abrir mão do coitadismo e das esmolas governamentais para alcançar, por esforço próprio, o sucesso.

Parabéns Gil Diniz! Precisamos de mais homens como você.



Flavio Quintela é autor do livro “Mentiram (e muito) para mim

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