sábado, 16 de agosto de 2014

Dia de quem cuida de quem?

No mês de maio, exatamente no dia oito, comecei a trilhar um caminho (sem volta) e vou tentar explicar a vocês os motivos para tamanha implicância com algumas atitudes que a direção das escolas que meus filhos estudam tomaram.

O primeiro conflito surgiu no dia oito de maio, quando minha esposa foi à reunião no Centro de Educação Infantil Monteiro Lobato. A coordenadora avisou aos pais e às mães presentes que neste ano não seriam comemorados o dia das mães e o dia dos pais, em seu lugar, celebrariam o “Dia de quem cuida de mim”. Segundo a coordenadora do CEI, os pais tinham que compreender que “A família tradicional acabou” e que atualmente temos novas configurações familiares.

Quando minha esposa relatou o ocorrido, não pensei duas vezes, iria no próximo dia questionar a coordenadora sobre o fim das duas celebrações, sobre a inovadora data e, claro, sobre sua frase infeliz. Todavia, no dia nove de maio, teria também reunião na escola do meu filho mais velho, a Escola Municipal de Ensino Infantil Cecília Meirelles. Dessa vez, a responsabilidade era minha de estar presente na reunião.

Questionei e a diretora alegou que na escola existem alguns alunos que moram em abrigo municipal e que, por não morarem com os pais ou familiares, essas crianças ficariam constrangidas. Não aceitei de forma alguma; vi que alguns pais concordaram comigo e saíram em minha defesa.

Sugeri que, ao invés de cancelar as duas datas tão tradicionais, se fizessem três datas. Ou seja, que acrescentassem o “Dia de quem cuida de mim”. Pois, seria mais uma oportunidade de me fazer presente na escola do meu filho, seria mais uma oportunidade de reafirmar nossos laços afetivos, justamente dentro da escola, seria uma experiência pedagógica única paras as crianças. Não fui atendido. A direção da EMEI disse que levaria a sugestão dada aos professores e que discutiriam o assunto.

Fui para o CEI Monteiro Lobato questionar o fim das duas datas tradicionais e ouvi da coordenadora as mesmas palavras ditas na reunião, que eu tinha que compreender que “A família tradicional não existe mais”. O detalhe que me chamou muito atenção é que, à época, essa mesma coordenadora estava grávida de oito meses e seu parto seria nos próximos dias.

Respondi, por educação: Há um equívoco nessa fala! A família tradicional existe sim! Minha é tradicional! Meus pais são tradicionais e conheço algumas centenas de famílias que são tradicionais também! Reiterei meu respeito à diversidade, às crianças que por ventura moram em abrigo e sugeri novamente que acrescentassem mais uma data e não apenas extinguissem as outras duas.

Foram em vão meus argumentos. Ouvi um NÃO. Ela disse: "Para esse ano já está tudo certo. Quem sabe para o próximo ano. Pois todo o planejamento foi feito no início do ano". Ora, não fui chamado para planejamento algum e desconheço algum pai que tenha participado dele. Não existe conselho de pais na escola, não existe APM, logo a decisão foi da direção e da coordenação pedagógica.

Como não houve flexibilidade e sobrou intransigência, disse à coordenadora que tudo que estivesse ao meu alcance para mudar o posicionamento da escola eu iria fazer. Entrei em contato com vários vereadores da cidade de São Paulo, muitos me ouviram por meio da assessoria. Um desses vereadores, inclusive, entrou em contato com a equipe do jornalista Reinaldo Azevedo, âncora do programa “Os pingos nos Is”[1] na rádio Jovem Pan e colunista do Blog da Veja.

Após confirmar as informações que tornei públicas, a Jovem Pan divulgou o relato no programa de Reinaldo e o mesmo publicou no seu Blog[2] a matéria sobre o fim do dia das mães e dos pais nessas duas escolas da rede pública municipal da cidade de São Paulo. Depois da reportagem, a notícia ganhou uma proporção que não imaginaria que tomasse. Os vereadores pediram explicações à Secretaria Municipal de educação, o vereador Pastor Edemilson Chaves[3] protocolou os Projetos de Lei N° 263/2014[4] e 264/2014[5] que instituem no calendário escolar municipal o dia das mães e o dia dos pais.

O Vereador entre outras justificas afirma: “O modelo familiar é o primeiro contato das crianças com padrões da cultura e é a partir deste modelo que a criança estabelece suas idéias e conceitos sobre o mundo.” Foi um avanço nessa batalha que não é apenas pedagógica, é política e ideológica também.

Mudança e Permanência

A escola Cecília Meirelles (após toda repercussão nas redes sociais, na Câmara dos vereadores da cidade de São Paulo, etc.) resolveu fazer uma consulta pública com os pais e responsáveis pelas crianças. A esmagadora maioria dos pais decidiu que SIM, gostariam de celebrar com seus filhos essa data no ambiente escolar. A festa seria no sábado, véspera do dia dos pais, no horário da manhã. Foram tantos pais que confirmaram presença, que a direção teve que fazer duas atividades, uma com as crianças da manhã e outra com as crianças da tarde.

Aviso do resultado da consulta pública e realização da celebração do dia dos pais



Foi fantástico ver aquela escola lotada numa manhã de sábado. Foi emocionante ver as famílias celebrando juntas um dia especial dedicado aos pais. Teve educadora contando histórias, atividades com música, danças, café da manhã, homenagens e claro: Lágrimas! A direção preparou uma atividade muito significativa para as famílias. Nem o mais otimista dos pais esperava tamanha participação e comprometimento das famílias e da escola. Mas houve!


Pátio da escola lotada por pais, mães, avós, famílias inteiras

Todavia, nem tudo são flores. A direção e coordenação do CEI Monteiro Lobato permaneceu irredutíveis, conseguiram transferir a festa junina para Agosto. Ora, na festa junina a escola estava lotada de famílias, não poderiam esperar e celebrar no final de semana seguinte o dia dos pais? A resposta é não! Não houve celebração na sexta-feira, antevéspera do dia dos pais, o que tinha na agenda do meu filho, era o aviso sobre o “Dia de quem cuida de mim”, que será realizado no próximo dia 20, às 15:00 horas.

Aviso que chegou na véspera do dia dos pais, falando da realização do "Dia de quem cuida de mim"

Creio que essa comemoração estará esvaziada, até mesmo por conta do dia e do horário que marcaram. De propósito! Como vou fazer para estar lá às 15 horas? Trabalho, minha esposa também, se era mesmo para todos participarem, por que não no final de semana? Houve algumas emendas de feriados que elas tem que repor, seria o ideal. Mas, não! O intuito desse novidade pedagógica não é aproximar a família da escola, é sim, cada vez mais afastá-los!

Continuo combatendo a extinção de datas tradicionais no calendário escolar, principalmente a extinção do dia das mães e dia dos pais. Convido cada um de você a juntarem forças nesse combate, que é político, e a se posicionarem contra esse tipo de manobra que estão fazendo em muitas escolas públicas e privadas. Primeiro, eles mudam os nomes. Depois, os significados! Logo não existirão mais essas celebrações tradicionais e apenas sentiremos saudades do que já não temos e que por covardia, perdemos para esse ou para aquele grupo ideológico.

Não podemos nos calar! É apenas o início da reação! Precisamos ser a resistência na periferia da cidade de São Paulo e em todo o Brasil, contra os desmandos desses que estão a nos governar. Esse relato se passou e se passa em escolas públicas da rede municipal da cidade de São Paulo, todavia, várias escolas privadas já estão adotando essa comemoração, quando não, mudam as datas para “Dia da família”. Não se enganem, reajam!












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